terça-feira, 25 de novembro de 2008

Reciclar é preciso...


Bom, depois de tanto tempo sem nenhum post, de um período ocioso de idéias, de conhecer um apaixonado por blogs e discutir o fazer blog, de várias leituras, de inúmeras conversas com a professora Adriana, depois das aulas de Jornalismo Ambiental com o Renatinho, e aproveitando essa onda reflexiva - comum nos finais de ano - resolvi mudar a fórmula do Alkahool. Estou arquitetando um novo formato para o blog, onde pretendo exercitar mais o jornalismo, discutir assuntos atuais e escrever minhas crônicas, deixando de lado a exclusividade do umbigo.

Vou ficar ausente por mais algum tempo, provavelmente até 1° de janeiro, data prevista para o iníco do novo Alkahool. Portanto, um Feliz Natal e que 2009 seja um ano mais produtivo, criativo e sustentável para todos nós...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Presente de aniversário

Melhor presente de aniversário não poderia ganhar. Enquanto assistia a aula de radiojornalismo no laboratório de informática (uai... não deveria ser no de rádio? é, mas não é) resolvi dar uma passeada na caixa de entrada de um dos meus e-mails; talvez o mais antigo deles. Me deparei com um e-mail de uma amiga que, por conta da distância e, talvez, da falta de tempo (esta maldita), quase não nos falamos mais. Ela era linda, loira, encantadora e o melhor: muito inteligente. Adorava Chico, sempre citava Saint-Exúpery, Vinícius de Moaraes, e tantos outros, em seu discurso. Tomávamos cerveja sempre, de terça a sexta, no Cais do shopp. Éramos da mesma turma de jornalismo. Chegamos a estagiar juntos na editora da faculdade. Mas ela trancou o curso. E me abandonou. E adiou seu sonho de infância.
Excepcionalmente hoje, vérpera do meu aniverário leio o delicado relato dela em um e-mail, simples e carregado de carinho.

[O que me mantém viva, e ainda lutando, saiba, é a crença de que existe uma pessoa como você, que quando lhe falta a palavra, lhe sobra a ação, o abraço, o beijo, o sorriso que acalenta . Em Fernão Capelo gaivota Richard Bach diz: "A nossa amizade transcende tempo e espaço", e assim é a nossa. Pessoas tão diferentes e tão iguais. Obrigado por ser meu porto, meu caís, pois um barco sem caís esta à deriva. Ontém, enquando chorava sozinha no estacionamento da faculdade, não pensei em ligar para mas ninguém além de você.
Te amo.
Ísis]

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sufoco

Este ano eu não sei o que está acontecendo! Todos parecem cansados, desde o início. As caras são de desalento, de desânimo. No meu trabalho parece final de novembro. Só reclamações. Salário baixo, carga-horária puxada, hora extra não paga, etc.

Volta e meia converso com um amigo, alguém que espera pelo atendimento na prefeitura, um ou outro que senta do meu lado no ônibus, e todos, todos, estão cansados. Deito a cabeça no meu travesseiro, sempre de madrugada, para dormir e fico pensando nisso. Será que tá tudo realmente difícil? Que as pessoas estão perdendo o encanto pelas coisas? Se a correria da tal da rotina tem apagado o brilho nos olhos?

O pior disso tudo é que essa sensação afeta diretamente às outras pessoas. Pelo menos as muitas que eu abordo, inclusive a mim. Adio o meu sono e fico pensando, divagando e, rezando. Pelas pessoas, por mim, pelo mundo...

Tem uma sensação me sufocando, e creio que a quase todos os brasileiros. Não agüentamos mais acompanhar a novela Isabella Nardoni. Cada dia um capítulo, com pouca novidade e muito sensacionalismo. Creio que depois da entrevista de Alexandre e Ana Carolina no Fantástico, domingos atrás, a sensação piorou. Afinal, mesmo todas as informações tentando nos convencer de que o pai e a madrasta são os responsáveis pelo crime, nós, pelo menos eu, não queria acreditar nisso. Seria menos pior ter que engolir que foi uma terceira pessoa. Mas, depois daquelas declarações frias, sem aquela tristeza e aquele desespero que, qualquer mortal (mesmo o mais frio deles), demonstraria ao falar do fato, temos que aceitar que seja empurrada em cima de nós, a grande possibilidade de terem sido pai e madrasta os assassinos.

Isso nos desanima, afinal, sabemos que não se trata de um caso isolado. Crimes bárbaros são cometidos diariamente, em cada canto do país, mas esta repercussão nos faz rever conceitos e valores, e nos mostra a necessidade de, cada vez mais, pedir providências as autoridades, fiscalizar e vigiar. Porque, por mais que a mídia tem agido de maneira sensacionalista, uma certeza boa nós temos, principalmente nós jornalistas, comunicadores: o do papel de responsabilidade social que temos. Se não fosse a cobertura incisiva, talvez o processo e as investigações caminhariam a “passos de formiga e sem vontade”.

domingo, 30 de março de 2008

Tudo e nada


Cadê todo mundoooooooooooo? Tá alto o barulho, sinto pessoas ao redor, mas não as vejo. Grito. E nada. Ouço risos, trovões, músicas, mas vejo somente o nada. É estranho, mesmo com estas sensações estou leve, levemente desesperado, mas estou leve... Sinto como se eu fosse uma palha sendo levada ao vento, que sopra calmamente. Leve... E isso me dá uma ponta de irritação. Sinto o nada. Mas gosto do tudo. Meus amigos, meus amores, sinto-os todos, mas só. E o nada. Que maravilha é sentir o nada! Não sentir, mas ser o nada. E ao mesmo tempo tudo. Simples assim.

As pessoas são o nada e o tudo ao mesmo tempo. Amamos e odiamos numa fração de segundos. Beijamos e arranhamos quem amamos. Somos o tudo e o nada em plenitude. Sinto um cheiro de poeira. De coisa há muito guardada. Depois de muito tempo o baú começa a ser aberto. Segredos empoeirados, amores amarelecidos pelo tempo, cartas desbotadas, poeira... Algumas delas são receitas de como entender o nada, e o tudo. Juras de amor eterno datadas, seguidas de ódio e rancor subseqüentes.

O dia estava estonteantemente azul. Lindo! Tipicamente de verão. As pessoas aparentemente felizes. De repente, o negrume e o peso das nuvens de chuva invadem o céu, cobrindo o seu azul. Novamente o tudo e o nada. Assim como a vida, assim como viver. Tudo e nada, em comunhão absoluta.

domingo, 23 de março de 2008

"Não quero ser moderno"


O que acontece nos dias de hoje é exatamente isso. As pessoas querem ter o último lançamento de celular, andar no melhor carro, vestir a roupa mais cara, lançada no último São Paulo Fashion Week. Complicam demais. Olham tudo e todos com o olhar do efêmero.

Já faz alguns dias, era uma quinta-feira, quando eu e alguns amigos da faculdade saímos da aula e fomos tomar um shoppinho. O dia tinha sido estressante. Queríamos - eu pensava - jogar conversa fora, sorrir, distrair. Nem precisava ter essas conversas que jornalista costuma travar, discutindo a profissão, os rumos da ciência e o futuro da humanidade. Era, talvez, sorrir descompromissadamente, esquecer tudo e viver intensamente o que aquele shoppinho proporciona. Aquela sensação de leveza, de transcendência...

Sentamos em uma das poucas mesas que ainda restavam no bar. Pedimos a nossa bebida e enquanto aguardávamos, todos, mas todos, menos eu, tiraram dos seus bolsos e bolsas seus aparelhos celulares e começaram a fazer eu não sei o que. Na nossa mesa não havia conversa, pelo menos verbal. Eram engraçadas as experssões. Uma, após um bip disparado pelo seu celular fez cara de morte, mas não falou nada. Outro, sorria feito uma besta. E outro falava sem cessar... e eu com cara de alface, plantado ali, naquele bar. Minha expressão era de desolação. Viemos da faculdade necessitando e ansiando pelo nosso tradicional shoppinho. Mas não era pra ser daquele modo. Fui aguentando até quando não dava mais. Tomei um shopp, dois e no terceiro, a situação era a mesma. Levantei, acreditem, sem ninguém perceber, paguei a minha conta e fui embora. No caminho pensava que além do computador, temos outro aparelhinho, menor e menos impotente, que promete ser um dos destruídores das relações humanas. Desculpem o exagero, mas é assim que eu acho que acontecerá, caso as pessoas não saibam usar os celulares. No caminho, um bip dispara do meu telefone. Atendo. É Ísis:

- Rodrigo, você tá no banheiro?
- Não, não! Tô no caminho da minha casa.
- Mas você saiu sem se despedir de ninguém...
- É! Achei que estava atrapalhando vocês e seus celulares.
- Que isso, Rodrigo! Volte e vamos continuar nosso papo.
- Que papo? Continuem conversando vocês e seus celulares. Um beijo!
- Tudo bem, Rodrigo, um beijo! Até amanhã na aula.
- Até!

Cheguei em casa e deparei com o meu mural. A primeira coisa que vi foi os dizeres da foto que ilustra este texto. É um trecho que resume um poema de Carlos Drummond de Andrade: "Não quero ser moderno, quero ser eterno." Aquela noite não foi eterna. A modernidade nos atrapalhou. Mas foi só aquela noite. Ainda bem que não aconteceu situação semelhante outras vezes.

sexta-feira, 21 de março de 2008

AMO

... eu te amo quieto,
sem suspiros altos, surssurros exagerados e gemidos indiscretos.
Eu te amo apenas com o pulsar do meu coração,
aquele barulhinho compassado,
paciente e hamonioso.
Eu te amo,
com o meu silêncio,
com o meu ollhar perdido e indiscreto...
Minhas mãos afobadas
e minha boca desesperada.
Eu te amo...

domingo, 16 de março de 2008

Luzes da casa interior


Sustentar as loucuras e devaneios que povoam o nosso ser, nem sempre é tarefa fácil, porém os frutos destas loucuras movem nossa engrenagem. Crises, insônia e muitos olhares tortos esperam os corajosos que topam desvendar seus mistérios. Mas ao final da batalha, quem, essencialmente, ganha é aquele não que descobre os motivos que o levam – ou levaram – a ser de tal modo, mas o que topou o desafio de acender as luzes da casa interior.


(escrito em 06/02/07)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Inconstante tradução

Eu sou eu

Um, dois, dez...
Trancados dentro de mim
De portas fechadas
E mãos amarradas
Sou o poeta que não sabe amar
Canto sem saber cantar
Andarilho que não sabe caminhar
Sou o pai aflito
E o filho tranqüilo
Sou o alimento que a fome mata
Faminto
Com o instinto
À flor da pele
Sou as palavras mal faladas
E as cartas rasgadas
O mendingo a pedir amor nas calçadas
Sou a vela que brilha fosca
Na penumbra do túnel gigante
Sou o enorme elefante
Que se espanta com o míninmo ratinho
Sou mendingo de carinho
Sempre tão sozinho
Sou o pássaro solitário voando na imensidão
Sou tantos, multidão
Álcool queimando
Ferro ferindo
Bocas beijando
Sou a inconstante tradução de mim
Assim, assim
Talvez um papel branco, apenas
Ou quem sabe
Uma tela pintada de cores, obra de arte
Sou o dia ensolarado
Como, se estou sempre nublado?
Visto-me com padrões impostos
Pago impostos dos quais não gosto
E o que gosto mesmo, não faço
Minhas roupas são ganhadas
São verdades usadas
As quais não quero mais usar
Quero me libertar
Ser escravo do meu prazer
A liberdade viver
Pra felicidade acontecer.

(escrito em 05/11/2005)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Transfiguração



É uma vontade de gritar, rasgar o céu como um raio e me libertar desse algo preso na garganta. Esse algo que me sufoca e me faz rolar na cama e me faz perder o sono. Noites em claro, na penumbra do meu gélido quarto e a frieza do meu coração infeliz. A névoa embaça a visão da rua, deserta, e se iguala ao meu coração – embaçado. Não posso gritar, todos dormem. Seria injustiça, ninguém tem culpa de nada, ninguém sabe sequer que eu existo. Passo quase que despercebido pela minha incapacidade de me fazer viver. É, nem sei se vivo. Não sei o que é a vida. Antes e depois dela, o que se tem? Não sei, não sei onde procurar essa resposta. Seria, talvez, me tirar a vida e ver? Não! E se não puder voltar atrás? Melhor não. Não saberia ficar num lugar preso, insatisfeito, sem a possibilidade de refazer o feito.


Um sussurro está entalado, faz meu pescoço engrossar num tamanho desproporcional ao da minha existência. Sinto-me como um incapaz, pobre coitado que não sabe o que fazer da sua vida. Querendo gritar e não conseguindo. Querendo se libertar e continuando preso a uma pedra negra, pesada.


Não consigo parar-me quieto. Vejo cobras, aranhas, urubus e tenho medo. Estou minúsculo diante de tantos monstros, diante da sombra deles refletidas na parede da minha alma. Não sei a quem recorrer, nem sei como fazer. Meu Deus! onde você se esconde quando mais preciso de você? Cadê a sua paternal presença? Por que fazes isso comigo, rélis mortal, vagabundo na sua falta de coragem, pequeno na sua capacidade de amar e gigante na sua fraqueza? Espectros arrastam diante de mim, esquelético. Sinto-me um deles. Por que? Quantas vezes tenho que gritar, por que? por que? por que? Não posso mais. É grande demais pra mim. É muito.


Ofegante e com o coração aos pulos, vejo um cais.... longe. Em meio ao inquietante medo sinto uma ponta de leveza. Meu suor começa a divagar e a penumbra do meu quarto parece diminuir. Minha pequenez na imensidão da cama vai se desfazendo. Já não estou mais prensado na parede. Sinto-me vagamente livre. Não sei ao certo de que, possivelmente, me libertei. Não lancei meu grito de socorro. Apenas senti, sofri. O buraco negro ainda existe, porém com menos negrume. Ao som da brisa começo a me descruzar e relaxar e esticar-me sobre minha cama. O que parecia estar se tornando meu leito de morte transformou-se em uma espreguiçadeira confortável, que me recosta e me acolhe, de uma maneira – assustadoramente – aconchegante.


A sensação é de liberdade plena. É como se eu tivesse me atirado do mais alto monte e estivesse caindo, sem pára-quedas, livre, sentindo o vento me cortando a alma. Não sei o que houve. Nem quero saber. Já não me importa mais. Prendo-me a sensação atual e não mais ao medo e a angústia de antes. Quero descobrir sem forçar, sem impugnar, descobrir por descobrir, se for me dado esse direito.

terça-feira, 11 de março de 2008

Alkahool


Fui apresentado a pouco por um amigo a essa música, de Jorge Ben. Ouví-la na voz de Gal, em vinil, numa dessas noites em que o que mais a gente precisa é desinfetar. O nome deste blog não é por acaso. Alkahool, só para desinfetar...


[...Cada palavra caçada é o compasso de um passado

Que foi enterrado

A caça ao fantasma continua porque

O fogo é mais antigo que o fogão, eh

Água de beber, água de benzer, água de banharAlkahool só para desinfetar

Água de beber, água de benzer, água de banhar

Alkahool só para desinfetar

Em busca de uma nova identidade

Na fila dos aposentados

Um radical chic espera sua vez jogando xadrez

Em vez de uma nova trombadaUma marcha ré com dignidade

É melhor do que ficar com pesadelo, tédio, calça arreada,

Queda de audiência, filme queimado...]

Alkahool - Jorge Ben