sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sufoco

Este ano eu não sei o que está acontecendo! Todos parecem cansados, desde o início. As caras são de desalento, de desânimo. No meu trabalho parece final de novembro. Só reclamações. Salário baixo, carga-horária puxada, hora extra não paga, etc.

Volta e meia converso com um amigo, alguém que espera pelo atendimento na prefeitura, um ou outro que senta do meu lado no ônibus, e todos, todos, estão cansados. Deito a cabeça no meu travesseiro, sempre de madrugada, para dormir e fico pensando nisso. Será que tá tudo realmente difícil? Que as pessoas estão perdendo o encanto pelas coisas? Se a correria da tal da rotina tem apagado o brilho nos olhos?

O pior disso tudo é que essa sensação afeta diretamente às outras pessoas. Pelo menos as muitas que eu abordo, inclusive a mim. Adio o meu sono e fico pensando, divagando e, rezando. Pelas pessoas, por mim, pelo mundo...

Tem uma sensação me sufocando, e creio que a quase todos os brasileiros. Não agüentamos mais acompanhar a novela Isabella Nardoni. Cada dia um capítulo, com pouca novidade e muito sensacionalismo. Creio que depois da entrevista de Alexandre e Ana Carolina no Fantástico, domingos atrás, a sensação piorou. Afinal, mesmo todas as informações tentando nos convencer de que o pai e a madrasta são os responsáveis pelo crime, nós, pelo menos eu, não queria acreditar nisso. Seria menos pior ter que engolir que foi uma terceira pessoa. Mas, depois daquelas declarações frias, sem aquela tristeza e aquele desespero que, qualquer mortal (mesmo o mais frio deles), demonstraria ao falar do fato, temos que aceitar que seja empurrada em cima de nós, a grande possibilidade de terem sido pai e madrasta os assassinos.

Isso nos desanima, afinal, sabemos que não se trata de um caso isolado. Crimes bárbaros são cometidos diariamente, em cada canto do país, mas esta repercussão nos faz rever conceitos e valores, e nos mostra a necessidade de, cada vez mais, pedir providências as autoridades, fiscalizar e vigiar. Porque, por mais que a mídia tem agido de maneira sensacionalista, uma certeza boa nós temos, principalmente nós jornalistas, comunicadores: o do papel de responsabilidade social que temos. Se não fosse a cobertura incisiva, talvez o processo e as investigações caminhariam a “passos de formiga e sem vontade”.