sexta-feira, 14 de março de 2008

Inconstante tradução

Eu sou eu

Um, dois, dez...
Trancados dentro de mim
De portas fechadas
E mãos amarradas
Sou o poeta que não sabe amar
Canto sem saber cantar
Andarilho que não sabe caminhar
Sou o pai aflito
E o filho tranqüilo
Sou o alimento que a fome mata
Faminto
Com o instinto
À flor da pele
Sou as palavras mal faladas
E as cartas rasgadas
O mendingo a pedir amor nas calçadas
Sou a vela que brilha fosca
Na penumbra do túnel gigante
Sou o enorme elefante
Que se espanta com o míninmo ratinho
Sou mendingo de carinho
Sempre tão sozinho
Sou o pássaro solitário voando na imensidão
Sou tantos, multidão
Álcool queimando
Ferro ferindo
Bocas beijando
Sou a inconstante tradução de mim
Assim, assim
Talvez um papel branco, apenas
Ou quem sabe
Uma tela pintada de cores, obra de arte
Sou o dia ensolarado
Como, se estou sempre nublado?
Visto-me com padrões impostos
Pago impostos dos quais não gosto
E o que gosto mesmo, não faço
Minhas roupas são ganhadas
São verdades usadas
As quais não quero mais usar
Quero me libertar
Ser escravo do meu prazer
A liberdade viver
Pra felicidade acontecer.

(escrito em 05/11/2005)

Nenhum comentário: